Entrada de Morro Azul |
Riacho à beira da estrada |
Num dia de abril saímos para
olhar outros horizontes que não fossem de concreto e onde as sombras não fossem
de prédios e sim de árvores, como dádivas, com água fresca e silêncios. Na BR
101, na altura do município de Três Cachoeiras deixamos a rodovia obedecendo a
intuição e seguimos para um local denominado Morro Azul. Andando por uma
estrada de chão batido, com muitas pedras, mas razoável para andar, chegamos
num confim onde o caminho se confunde com a entrada para algumas casas de
colonos e toda ela é margeada por taipas de pedra encaixadas umas às outras,
semelhantes aqueles vilarejos italianos antigos que vemos em filmes.
A estrada
é margeada por córrego que desce da serra em direção ao mar. Sempre subindo,
seguidos pelo verde abundante e pelo pequeno rio, nos deparamos com uma casa de
madeira, típica dos colonos da região com um indicativo “RECANTO BOFF”.
Casa dos Boff |
Fomos recebidos pela dona do
Local, Cenira Boff e seu filho Edson. Acolhedores ao extremo, nos mostraram a
casa que foi da família e hoje serve de hospedaria, a cozinha com quitutes
produzidos ali mesmo, pães e biscoitos. Frutas sem agrotóxicos e uma boa prosa.
Andamos pelo sítio onde uma cachoeira despenca numa queda de mais de 07 metros
e rio corta a propriedade desenhando o campo verde e num determinado momento se
espraia num lajeado. Conhecemos também o cão Biro, mergulhador e que faz pose
para fotos.
Caminho percorrido |
Riacho que cruza as terras dos Boff |
Dia completo, fomos embora prometendo voltar e claro, voltamos. Toda vez que precisamos de horizontes assim, cuidados, como se cuida da vida, pegamos a estradinha rumo ao Morro Azul. Dona Cenira, sabemos, nos espera com seus doces, salgados e simpatia.
DIA VERDE
...tintas na mala, horizontes a
pintar, tempo sem tempo
Andamos o dia em direção ao sol,
em direção ao céu,
No topo do monte,
No cume da montanha onde a nuvem
era um véu,
Que voava e encontrava teu rosto
Esvoaçante te enredava na cintura
Na dança onde joguei as tintas da
mala
Fazendo no horizonte uma nova
textura
Para viver todos os dias a te
olhar
Como papel de parede, pintura...
Olhando para o todo, o vale era
verde
O dia era verde e o tempo
vermelho, paz que já sabia
Prender tua mão na minha, solta
que descobria
O dia colorido que no vale para
sempre amanhecia...